Vasco Pulido Valente
(Lisboa, 1941)
Exmo. Senhor
Eduardo Lourenço
53, Rue Aimé Martin
Ap. 1076
06 Nice

Lisboa, 6 de Abril, 1966

Exmo. Senhor
Pede-me o João Bénard da Costa que lhe escreva, lembrando que o prazo de entrega do seu artigo, para o nosso número especial sobre “Crítica”, termina no próximo dia 15.
Se tiver qualquer dificuldade em enviá-lo até essa data, peço-lhe que mo faça saber urgentemente.
Agradeço-lhe de novo a sua colaboração e subscrevo-me,

Com a mais alta consideração
Pela Redacção

Vasco Pulido Valente
Investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais, Vasco Pulido Valente é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1968) e doutorado em História pela Universidade de Oxford (1974). Foi Secretário de Estado da Cultura do VI Governo Constitucional (1980) e foi deputado à Assembleia da República, pelo Partido Social-Democrata (1995).
Foi colaborador na publicação académica Quadrante (1958) e na revista Almanaque (1959-61). Integrou a redacção da revista O Tempo e o Modo e, a partir de 1974, destacaram-se as suas colunas, sobretudo de análise política, em O Independente, Expresso, Kapa, O Tempo, Diário de Notícias, Público e no jornal online Observador. Foi ainda comentador televisivo, no Jornal Nacional da TVI, entre 2008 e 2009.
Foi co-argumentista dos filmes O Cerco, de António da Cunha Telles (1970) e Aqui d'El Rei!, de António Pedro Vasconcelos (1992), sendo ainda o argumentista do filme O Delfim, de Fernando Lopes (2002), bem como o autor de Glória (2001), uma biografia do jornalista e político oitocentista Vieira de Castro.
Em Às Avessas (Lisboa: Assírio & Alvim, 1990), Vasco Pulido Valente recorda a passagem pela revista O Tempo e o Modo: «Entrei para O Tempo e o Modo, Revista de Pensamento e Acção (algum pensamento, pouca acção), na Primavera de 1963, com vinte e um anos, em estado de completa inocência política e radicalmente analfabeto. […] Para Portugal (valha-nos esta cláusula danada) O Tempo e o Modo não foi uma má revista. Longe disso. Desde o fim dos anos 50 que o regime e o PC, ou os seus companheiros de caminho, dominavam e fiscalizavam a opinião política e a produção académica, ensaística e cultural que se publicava. O Tempo e o Modo recebeu e promoveu muitas vítimas deste arranjo, desde Virgílio Ferreira a Eduardo Lourenço, desde Agustina Bessa-Luís a Sophia de Mello Breyner, desde António Pedro de Vasconcelos a João César Monteiro».
O artigo de Eduardo Lourenço, solicitado por Vasco Pulido Valente, chama-se «Crítica Literária e Metodologia» e foi publicado em O Tempo e o Modo (I série, n.º 38-39, Maio de 1966-Junho de 1966), num número especial sobre “Crítica”, onde também colaboraram Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena, José-Augusto França e M.S. Lourenço.