Miguel Gonçalves Mendes
(Covilhã, 1978)
Miguel Gonçalves Mendes é realizador, argumentista e produtor de cinema. É o autor de José e Pilar (2010), um documentário sobre o escritor José Saramago. Em José e Pilar, o livro A Viagem do Elefante é o ponto de partida para um filme que retrata a relação de José Saramago com a mulher, Pilar del Río. José e Pilar teve estreia comercial em Portugal, Espanha, Brasil, México e Itália, tendo sido nomeado para vários prémios.
Em 2017, Miguel Gonçalves Mendes começou a trabalhar num documentário sobre a vida e obra de Eduardo Lourenço: O Labirinto da Saudade. O título do filme é o mesmo do livro publicado por Eduardo Lourenço em 1978 e, provavelmente, o seu texto mais conhecido. O Labirinto da Saudade (2018) é um ensaio documental interpretado e narrado pelo próprio escritor e conta com figuras proeminentes da cultura lusófona da actualidade, entre as quais Álvaro Siza Vieira, Gregório Duvivier, Gonçalo M. Tavares, Pilar del Río, Lídia Jorge e Ricardo Araújo Pereira. Cada um assume-se como interlocutor e condutor das reflexões apresentadas na obra. Produzido pela Longshot, o filme foi filmado no Buçaco e tem argumento de Miguel Gonçalves Mendes, Diogo Figueira e Sabrina D. Marques.
A 23 de Maio de 2018, O Labirinto da Saudade teve ante-estreia na Fundação Calouste Gulbenkian e foi exibido na RTP 1, assinalado o 95.º aniversário de Eduardo Lourenço. No dia seguinte, estreou em várias salas de cinema do país.
Segundo o jornalista Luís Miguel Queirós, “a opção de pôr Eduardo Lourenço […] a vaguear por salões e escadarias labirínticas enquanto vai pensando por sua conta a partir das interpelações de terceiros, comentando e aclarando as ideias que propôs há 40 anos n’O Labirinto da Saudade, mas também reflectindo sobre o Portugal de anos mais recentes ou a actual vaga populista que varre a Europa, não foi apenas um expediente astuto para a missão mais ou menos impossível de adaptar ao cinema um livro de ensaios. O próprio modo de pensar de Eduardo Lourenço – errante, dialógico, poético, paradoxal, enigmático – encontra aqui um eficaz equivalente visual”.