O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga, 1955 Coimbra, Coimbra Editora
“Este ensaio, [“O Desespero Humanista de Miguel Torga e o das Novas Gerações”] acolhido com algum interesse por pessoas que o seu autor respeita, ressente-se de uma ambiguidade estética notória. O epíteto “humanista” aplicado ao desespero que o autor atribui à poesia de M. Torga, não foi percebido pela generalidade dos leitores e críticos, como constituindo uma reserva implícita, de ordem literária e ética. Na altura, o conceito de “humanismo” não tinha, entre nós, outras conotações, além das inequivocamente positivas. Daí resultou, da parte de uma certa crítica, uma incompreensão dos propósitos do autor. Mas diga-se, a seu favor, que o autor mesmo não pouco contribuiu para ela. No ensaio sobre “A Presença ou a contra-revolução do Modernismo” aparece uma outra perspectiva mais “crítica” e mais de acordo com o autêntico pensamento acerca do alcance e da visão por ele atribuídos à poesia de M. Torga”
In Eduardo Lourenço Tempo e Poesia – à Volta da Literatura, 1987 Lisboa, Relógio d’Água, 2ª edição, nota I, pág.47.