O Espelho Imaginário Pintura, Anti-Pintura, Não-Pintura,
1981 Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda
Bahia, 8 de Dezembro de 1958
Olhemos a côr dos nossos amores. Aí estamos inteiros como em nós não o sabemos. São os amores quem nos decifra e nos lava, semelhantes à água, espelho primordial. Por isso dizemos olhar para um poço para marcar esse olhar inverso com que, em vão, buscamos o fundo donde nos olhamos.
Amo Klee. Meu ser se define por este amor talvez mais real e perfeitamente que pelos altos céus dos amores de Nora e Maria Helena. Que espécie de farândola, ou lago impercurso, faz de minha alma uma pintura de Klee? Se eu soubesse o que desde sempre procuro o fecharia em minha mão, minha mão em meu bolso e assim unido a mim, como a estrela dos Magos, marcharia fulgurante nos desertos de Deus, como outrora, assassinado por indizível felicidade para o lugar do meu impossível nascimento” (inédito)
In Sobre Pintura, organização e prefácio de Barbara Aniello (em publicação).