Jacinto do Prado Coelho
(Lisboa, 1920-Lisboa, 1984)
Lisboa, 16 de Março de 1970… Assim começa o cartão timbrado da Fundação Calouste Gulbenkian onde Jacinto do Prado Coelho solicita a Eduardo Lourenço uma nota crítica sobre o livro de Vergílio Ferreira Invocação ao Meu Corpo: Ensaio com um Post-Scriptum sobre a Revolução Estudantil (Lisboa: Portugália, 1969), «quando os primeiros homens chegaram às imediações da Lua». Todavia, Eduardo Lourenço não deve ter acedido à solicitação do professor universitário e ensaísta, na medida em que a sua primeira colaboração na revista Colóquio/Letras é datável de Janeiro de 1972, com um ensaio sobre a obra de António Alçada Baptista (Literatura e interioridade: A propósito de «Peregrinação Interior» de António Alçada Baptista, Colóquio/Letras. n.º 5, Janeiro 1972, p. 30-36). Entre 1970 e 1984, Jacinto do Prado endereçou 33 cartas a Eduardo Lourenço, todas elas disponíveis no seu acervo.
Lisboa, 16 de Março de 1970.


Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa-1

Meu prezado Amigo:
Por mais que cogite, só encontro uma pessoa realmente indicada para escrever uma nota crítica sobre o último livro de Vergílio Ferreira – Invocação ao Meu Corpo. Venho, pois, pedir-lhe um pequeno texto (1 ou 2 páginas dactilografadas) com destino ao Colóquio. Posso contar com ele? E precisa dum exemplar da obra para seu uso – ou já o possui?
Com antecipados agradecimentos e a expressão do meu muito apreço e estima,
J. do Prado Coelho