Helena Vaz da Silva
(Lisboa, 1939-2002)
1 Novembro 1994
Caríssimo
Eis que, no dia de todos os Santos (e de todas as Bruxas) conseguimos enfim ter casa nossa em Bruxelas.
Nela vos esperamos para remansos e repastos que em Lisboa, sabe-se lá porquê, já se não conseguem.
Eis para onde se deverão dirigir vossos passos:
Rue de la Source 95
1060 Bruxelles
Tel. 32-2-5343555
À espera de reencontrar velhos ritmos, aqui ficam muitas saudades que começam hoje a contar.
H[elena]
Alberto
Helena Vaz da Silva, jornalista, programadora cultural e escritora, nasceu em Lisboa, a 3 de Julho de 1939. Era filha de Isabel Maria da Costa de Sousa de Macedo e do advogado Francisco de Mascarenhas Gentil. Helena Vaz da Silva frequentou o Colégio de St. Augustin, bem como as escolas das irmãs Escravas e Oblatas. Quando terminou o ensino secundário, leccionou Francês e Religião no Colégio das Oblatas, tendo frequentado o Instituto de Serviço Social. Com 17 anos começou a sua vida profissional na agência de publicidade de Martins da Hora. Em 1959, casou com Alberto Vaz da Silva, integrando assim o círculo cultural de António Alçada Batista, Nuno Bragança, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, José Escada, Luís Sousa Costa, Nuno Cardoso Peres e Cristovam Pavia. Deste grupo, para além do projecto editorial da Livraria Moraes, saiu a criação da revista O Tempo e o Modo, iniciativa marcante pela abertura de horizontes políticos, culturais, literários e artísticos. A revista congregaria personalidades de diversas sensibilidades, empenhadas na renovação da vida portuguesa no sentido da democracia: Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio, Sottomayor Cardia, Vasco Pulido Valente, Manuel de Lucena, Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Ruy Belo, M.S. Lourenço, Eduardo Lourenço, António Ramos Rosa, José Cardoso Pires e Vergílio Ferreira.
Em 1968, Helena Vaz da Silva partiu para Paris, para estudar Jornalismo e Sociologia, na Universidade de Vincennes, onde assistiu aos acontecimentos de Maio desse ano. No regresso, organiza dois números temáticos de O Tempo e o Modo: “Deus, O Que É?” e “O Casamento”. Posteriormente ingressou no semanário Expresso e colaborou com a RTP. Em 1978, assumiu a direcção da revista Raiz e Utopia. Em 1979, tornou-se presidente do Centro Nacional de Cultura, iniciando e desenvolvendo uma acção marcante na divulgação, no estudo e na preservação da língua e da cultura portuguesas. Em 1994, foi eleita deputada ao Parlamento Europeu pelo PSD. Foi autora de várias obras, tendo sido agraciada com a Ordem de Mérito de França (1982) e com a Ordem do Infante D. Henrique, Grande Oficial (2000).
O Acervo de Eduardo Lourenço possui 37 cartas de Helena Vaz da Silva, datadas de 1966 a 1997.