Luís Filipe Castro Mendes
(Idanha-a-Nova, 1950)
[1981]


Meu caro Eduardo Lourenço,

Eu e minha Mulher tivemos o maior gosto em tê-lo em nossa casa, e só lamento não ter podido conversar consigo mais extensamente. Por este mesmo correio, envio-lhe o catálogo da exposição Fernando Pessoa, pedindo desculpa de não o ter feito mais cedo.
Tenho acompanhado com a maior atenção o que se passa em França. Até agora parece não haver razão para nos desiludirmos: tem havido uma prudência e um realismo extraordinários, mas sem nunca pôr em causa os princípios e os objectivos, sem de forma alguma «meter na gaveta» o conteúdo das transformações sociais que se pretendem. Servirá de lição para o sul?
Espero voltar a vê-lo em breve. Quando vai a Lisboa? Virá cá proximamente?
Um abraço amigo e admirador

Luís Castro Mendes
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Luís Filipe de Castro Mendes seguiu a carreira diplomática. Durante as décadas de 70 e 80, desempenhou funções em Luanda, Madrid, Paris e no Conselho da Europa. Regressado a Lisboa, teve a seu cargo, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Direcção de Serviços da América do Sul. Foi, entre 1995 e 1997, chefe de gabinete do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e exerceu o cargo de cônsul de Portugal no Rio de Janeiro.
Como poeta, Luís Filipe Castro Mendes começou por publicar poemas no suplemento juvenil do Diário de Lisboa. Estreia-se com a colectânea Recados (1983), obra onde se impõem desde logo duas das mais marcantes características da sua poesia: o cultivo de formas poéticas tradicionais e a intertextualidade, com referências muito presentes a escritores como Emily Dickinson, Rilke, Nietszche, Jorge Luís Borges e Rimbaud.
Luís Filipe de Castro Mendes foi Ministro da Cultura do XXI Governo Constitucional de Abril de 2016 a Outubro de 2018.